09 julho 2014

Sobre a derrota pra Alemanha, no futebol.

Quadriga, Brandenburg Gate, Berlin, Germany


Depois da derrota por 7-1 do Brasil para a Alemanha, eu fui passear com um grupo de meninas e entre elas havia uma alemã. No início, eu e outra brasileira achamos que ficaríamos envergonhadas com os possíveis comentários da moça, mas o tempo passou e até a metade da noite nenhuma palavra foi dita sobre o assunto. 

Achei estranho e perguntei se ela havia assistido o jogo. Ela, claramente constrangida, explicou que começou a ver só no final do primeiro tempo e que não acreditou quando a amiga contou que o placar já estava de 5-0. 

Muito discretamente ela conduziu a conversa para algo como "eu amo os brasileiros, são sempre tão animados". E em seguida: "eu sei que existem muitos alemães no Sul do Brasil". 

De alguma forma isso me surpreendeu. Em um mundo onde as torcidas hostilizam umas as outras e também aos  seus times (quando perdem, é claro), a menina teve uma atitude tão amável. Ela respeitou. Não só com palavras, mas também na forma como se comportou ao dizê-las. 

Sei que nem todos os alemães tiveram um comportamento admirável diante de tão inacreditável resultado. Mas ela teve. Passados os comentários futebolísticos, continuamos nossa noite conversando sobre nossos dias, planos e etc. Estávamos apenas sendo pessoas, com taaaaaaanta coisa diferente uma da outra, mas com algo em comum: ambas não enxergamos o futebol - tão popular no Brasil quanto na Alemanha - como principal fonte de realização e orgulho nacional. Não precisamos disso pra viver. Precisamos é de correr atrás dos nossos sonhos, tentar fazer do mundo um lugar mais habitável e das relações humanas algo mais agradável.